Jovens como éramos, inconformados com os mais variados problemas com os quais nos deparávamos, começamos a conspirar silenciosamente num movimento de repúdio àquela situação, um movimento que nunca aconteceu de verdade, o qual se chamava, com pouca originalidade e muita objetividade, "Eu odeio Porto Alegre".
Queríamos denunciar de alguma forma o que nos descontentava na cidade. Lançamos um manifesto redigido pelo Fábio, que hoje não me recordo se chegou a ser divulgado. Decidimos que a Internet era o meio mais adequado para externalizar a nossa indignação. Planejamos a criação de um blog. Nele publicaríamos com regularidade as atrocidades arquitetônicas, urbanísticas e de design que nos rodeavam diariamente.
Focados no nosso campo de estudo, a Arquitetura, porém inexperientes e inconsequentes, não tínhamos respostas e nem conhecimento pleno sobre as origens destes problemas. Nossa meta era agitar. Causar constrangimento, desconforto e indignação. Gerar polêmica. Quem sabe assim mais gente voltaria a atenção para os mesmos pontos e alguma mudança acontecesse, alguma atitude fosse tomada.
Definir qual era essa atitude que buscávamos não está muito claro. Talvéz devêssemos ter levado a idéia adiante, refinado ela um pouco mais, quem sabe? Ainda há tempo, sou sempre otimista. Uma coisa hoje no entanto é certa, e isso o amadurecimento e a reflexão fazem perceber: por trás do suposto ódio, a verdade é que nós amamos Porto Alegre e desde então nos preocupamos com ela.
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